FORUM DE DEBATE POLÍTICO

segunda-feira, outubro 30, 2006

Até o vento muda...

O Vereador do PSD na Câmara Municipal de Ponte de Lima, entende que deve haver uma "solidariedade nacional para com as regiões mais desfavorecidas...como é o Alto Minho. É neste sentido que afirma que não concorda com a introdução das portagens na SCUT A28..." E acrescenta falando de" ...engano eleitoral..." indo mais longe afirmando que o "...Governo enganou os cidadãos..." In Jornal Cardeal Saraiva 27-10-06

Foi em 06-03-03 que apresentei na Assembleia da Valimar, na qual Manuel Trigueiro era também igualmente Deputado, uma Moção de rejeição quanto aos "...preocupantes indicios de que o Governo se prepara para tornar obrigatório o pagamento de portagens no IC1 e na A28, ao contrário do anteriormente estabelecido pelo Governo do Engº António Guterres.
Neste sentido considerando a importância de tais vias para o desenvolvimento estruturante do alto Minho, no combate às assimetrias regionais, os membros do PS na Assembleia Municipal de P. de Lima subscreveram e votaram favoravelmente a moção que manifesta a sua frontal e inequivoca oposição à introdução de portagens nos referidos troços..."

Ontem como hoje continuamos a ser coerentes!

Estranho no entanto a posição do lider do PSD local, que na Assembleia Municipal de Ponte de Lima, e na Assembleia da Valimar, de então, votou contra esta moção.

Afinal o meu amigo Manuel Trigueiro está enganado...

Montenegro Fiúza

sexta-feira, outubro 27, 2006

Soneto 32



Trinta e duas vezes te beijei
Com muita paixão e alegria
Trinta e duas mulheres amei
Numa noite de fantasia

Só, passo a passo, deambulei
Por entre urze e giesta
A tempos algum fogo eu dei
Em esbeltas musas desta gesta

Um só tiro saiu certeiro
Acabou nessa noite a festa
Mas da ilusão sobrou um pouco

Pensava eu ser donzeleiro
Que a visão começa honesta
Porquê tanta aleivosia? Louco.

Manuel de Sousa Pires Trigo

quinta-feira, outubro 26, 2006

Andam funcionários públicos escondidos?

Se os funcionários públicos são acusados de praticamente tudo, não será tanto assim, mas até dá jeito. Como tudo o que tem o seu quê de verdade, pode ser aproveitado por mentes malévolas para passar como uma verdade absoluta.
O que não é verdade é que o Distrito de Viana do Castelo tenha 90548 funcionários públicos, 55,6 5 de todos os empregados e para aí 12% do País, o que seria absurdo para um Distrito tão pequeno.
Por isso é que é incompreensível que o Jornal de Notícias de 23 de Outubro tenha publicado tais dados mesmo que atribuídos à CEVAL-Conselho Empresarial dos Vales do Minho e Lima, estrutura associativa que deveria ser mais responsável.
Com dados destes como é que as associações empresariais poderão fazer algo de útil a favor da região?
Não serão precisos dez meses, tempo que teria demorado este estudo, para chegar à conclusão que ele teria sido feito ou orientado por alguns funcionários públicos que em part-time trabalham para esta Associação.
Será que se contaram a si próprios duas vezes? Ou então erraram porque se cansam muito e não aguentam dois tachos?
O que é pena é que estes senhores venham dar razão a quem tanto ataca os funcionários públicos ou o propósito terá sido mesmo esse?

Manuel de Sousa Pires Trigo

terça-feira, outubro 24, 2006

Hoje como ontem...


Dissemo-lo no passado na qualidade de Deputado da Valimar, assim como na Assembleia Municipal de Ponte de Lima que: As "SCUT´S", eram um verdadeiro exemplo do Princípio de Solidariedade Nacional do Governo do Partido Socialista, liderado pelo Camarada António Guterres.
Após vários anos de muita polémica, o actual executivo tenciona introduzir portagens pagas no IC1 (entre o Porto e Viana do Castelo)...
Queremos deixar bem clara a nossa total oposição...hoje como ontem...o não pagamento de portagens é um dever moral, é o mínimo de solidariedade que o país pode e deve ter para com regiões periféricas. este será um constrangimento para o desenvolvimento económico e social do nosso distrito e do nosso concelho em particular.

Montenegro Fiúza

sexta-feira, outubro 20, 2006

POLITICAR

Politicar, costumava dizer Harry Truman, 33o presidente
dos Estados Unidos da América, é como cozinhar.
Quem não aguentar a temperatura, que fique longe da cozinha.

Aos que resolverem se distanciar, aí vai meu conselho:
fiquem atentos para que, ao sairem, não esqueçam alguns peixes
fora da geladeira. O cheiro que da cozinha emanará poderá intoxicar
a todos, salvo aqueles que, ao exemplo do protagonista mais famoso
de Mark Twain, gostam do céu por causa do clima mas preferem o
inferno por causa das companhias.

Abdulah Bubacar Djalo, MSc
PhD Researcher in Public Administration
Universiteit Leiden - Campus Den Haag
Leiden / The Netherlands

quinta-feira, outubro 19, 2006

Pare, Pense e Politique

Gostei do Estatuto Editorial do “Parar para Pensar”, weblog do nosso amigo João Carlos Gonçalves, e das suas, aliás, reiteradas afirmações de respeito de todos os pontos de vista. Igualmente, concordo com a sua constatação de que em pleno século XXI é preciso ter coragem para emitir opinião.
Estamos em sintonia e era bom que mais gente pensasse assim, mas, fundamentalmente, agisse nesse sentido de que há constrangimentos imensos que não são sinónimo de inferioridade intelectual e que é necessário vencer.
Claro que o João Carlos se sente político, porque outra coisa não seria de esperar, mas assume-se como não manifestando opiniões “comprometidas” e como diria Pacheco Pereira está no seu posto, no seu blog, para comentar políticas e não para as validar, para influenciar as pessoas e não as julgar.
Também eu, enquanto comentador do A.M., penso agir de maneira semelhante. Até acho que, espremendo bem esta polémica, a nossa divergência assenta mais em aspectos formais do que em outros. Mas aqui é que “a porca torce o rabo”.
Enquanto “intelectual”, passe a imodéstia, quero que as pessoas entendam exactamente aquilo que eu quero dizer, quando escrevo. Por isso este exame ao microscópio de modo a saber do que se fala e de que perspectiva se parte.
Como político, se fora, ambicionaria tão só uma aproximação às minhas ideias, sem me preocupar com a forma como as apresentaria, e depois logo se via na matemática dos votos.
A opinião do João Carlos acerca do meu “Em Estado de Garça” sobre a paisagem da Serra d’Antelas não merece qualquer reparo porque não faço a injustiça de pensar que não tenha percebido qual era a minha.
Como político, se fora, deixaria correr o marfim, porque acharia as suas opiniões imprudentes, como reconhece, porque atentam contra os interesses que respeitam a muita gente.
Mas como me pronunciei só sobre um aspecto do problema e tive que levar com todas as outras perspectivas em cima, manifestei a minha posição de que só discutiria um aspecto da questão de cada vez e se fossem discutíveis na praça pública e sem elementos legais.
Em suma, não contesto o conteúdo mas não gosto da embalagem. Há ideias com as quais até concordaria no essencial, não fosse o saco em que foram metidas. Há ideias de que eu discordaria em absoluto, e cujo patrocínio me é atribuído com tal veemência, porque num contexto que eu não aceito.
Assim como não aceito que o Sr. Nuno Matos, não acrescentando nada à polémica, possivelmente sem ler os primórdios, venha inventar destinatários, questionando quem é ou não político e revelando um espírito persecutório de todo em todo condenável.


Manuel de Sousa Pires Trigo

domingo, outubro 15, 2006

O nome das coisas

Já vi que o Sr. Nuno Matos gosta de por nomes às coisas. Também eu. Só que eu gosto de por nomes verdadeiros e o Sr. Numas gosta de os falsear, está-me a parecer que é, neste aspecto, um autêntico Judas.
Expressei em devido tempo e no jornal Alto Minho o meu ponto de vista sobre as pedreiras da Serra d’Antelas, baseado, tão só, no pressuposto de que discutir o assunto pelo lado estético não conduzia a lado nenhum.
Aqueles a quem a paisagem agride, que do Largo de Camões deitam sentenças condenatórias só fundamentadas neste prisma deveriam olhar também para a beleza que por via da actividade das pedreiras se cria.
Claro que o assunto pode e deve ser visto e discutido sobre outros pontos de vista, como o económico, o social, o ambiental e, quiçá, sobre outros aspectos menos relevantes.
O Sr. João Carlos Gonçalves, político bem conhecido por ter já exercido variados cargos a mando do seu Partido, o P.S.D., citou-me no seu blog sem me identificar, despejando um arrazoado de conceitos, tipo verborreia mental, onde foi buscar problemas de fiscalidade, segurança social, conceitos como ganância e fez joguete à volta de palavras mais altissonantes mas a que não deu conteúdo.
Isto é típico de quem quer confundir tudo e todos, mas precisamente eu estou aqui para desmontar discursos ocos como este que se tem princípio, não tem miolo e cujo fim é somente o atrás referido.
Além de mais este discurso encerra em si uma tentativa de me associar a vários conceitos menos abonatórios, de natureza intelectual ou afim como a cegueira ou a ganância e lucro fácil e a actos menos lícitos que pelas pedreiras, segundo a sua perspectiva, se vão praticando.
Deixo esta parte para os visados, mas claro que não gostei e reagi, de leve segundo alguns amigos, educadamente como convém. O meu destinatário está pelo menos tão bem identificado como o Sr. João Carlos identificou o seu.
Quem não é educado é o Sr. Numas, qual censor que escreve no seu blog o meu nome a vermelho, que se faz de parvo, fazendo trocadilhos sobre o destinatário do meu comentário, na tentativa, sempre presente de atingir o Montenegro Fiúza, que acerca disto nada tem a ver, mas a quem agradeço a disponibilização deste espaço.
E, creia, fique por aqui, deixe-se de ataques sórdidos, de evasivas, que eu prezo que as coisas sejam tão claras como a água das nascentes de Antelas e para que elas assim permaneçam era bom que todos estivéssemos de acordo.
Como soe dizer-se: Com amigos destes o Sr. João Carlos, pessoa que prezo, independentemente de dele discordar e até de o achar vítima de uma maneira errada de fazer política, não necessita de inimigos.

Manuel de Sousa Pires Trigo

sábado, outubro 14, 2006

De que PS...a que esquerda?



Caros camaradas,

Apesar de não ser um bom entendedor da realidade política portuguesa, a inquietação
do Eng. Fiúza sobre "Que PS para o futuro?" chamou a minha atenção.

Tomo, portanto, as dores do camarada e aproveito para generalizar a inquietação
perguntando-me:"Que esquerda para o futuro?".
É que nas últimas décadas, a esquerda anda tanto a bater com a cabeça sozinha que
parece não precisar mais da direita (que assiste a tudo de camarote) para cair no ridículo.

No Brasil, cada trapalhada do governo Lula (que mudou de discurso) parece distanciar a esquerda uma década do Planalto. No Venezuela, o Chavez acabou sendo rotulado de líder- palhaço. "El Comandante" há muito não comanda nem o próprio destino. Alguém (esta é digna de reflexão!) se lembra em que país foi fundado o PS? O próprio Sócrates não se orgulha do facto de estar mais para direita de que para esquerda (do Partido)?

Por toda parte, a esquerda parece estar "mais perdida do que que cego no meio de um tiroteio".Culpa de quem, senão da própria esquerda. Acho que está mais do que na hora de esta ser repensada. E creio que o Congresso que aí vem seja uma boa oportunidade.

Portanto, de "Que PS para o futuro?", pergunto-me, "Que esquerda para o futuro?
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Abdulah Bubacar Djalo
PhD Researcher in Public Administration
Universiteit Leiden - Campus Den Haag
Leiden / The Netherlands

terça-feira, outubro 10, 2006

A propósito de certos escritos...

Ler...Pensar...
"O trabalho distrai a vaidade, engana a falta de poder e traz a esperança de um bom evento." Anatole France

Reflectir...
“Em boca fechada não entra mosca."
Miguel de Cervantes


Montenegro Fiúza

terça-feira, outubro 03, 2006

Que PS para o futuro…?



O Próximo Congresso do Partido Socialista será o ponto de encontro e reencontro dos novos e velhos Camaradas. Servirá também e sobretudo para a afirmação da vitalidade do nosso partido, enquanto partido com responsabilidade de governação.
Mas…isso não basta…
Do Congresso deverá sair um PS para o futuro.
Um PS a que os seus militantes e eleitores reconheçam um partido capaz de governar o país.
Um Partido renovado.
Mas o PS não pode nem deve perder esse exercício de renovação, a sua história e os seus históricos, os seus valores, a sua ideologia.
A renovação e o património histórico tem de coabitar, essa é a condição sine qua nom para atingirmos o objectivo de tentar manter os eleitores clássicos e procurar ganhar novos eleitores.
Que PS para o futuro…?
Vamos aguardar pelo Congresso.

Montenegro Fiúza

segunda-feira, outubro 02, 2006

O povo e os principes de Sir Smith.

Hoje em dia, é mais grave infringir um artigo da "Declaração Universal dos Direitos do Capital" levada a cabo pelo FMI, Banco Mundial, OCDE, OMC, G7, Comissão Trilateral, Fórum de Davos e outras instituições benemeritas que infringir um da Declaração Universal dos Direitos do Homem, aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas desde 1948.

A própria substituição do GATT pela OMC já representou como que uma institucionalização deste liberalismo mais extremo e constitui um passo muito importante ao serviço dos agentes da nossa Aldeia Global. Primeiro porque esta alargou os seus âmbitos à agricultura, aos têxteis, aos serviços e à área da propriedade intelectual. Segundo porque os países mais pobres deixam de beneficiar das vantagens de um processo de negociação multilateral permanente para ficarem sujeitos às deliberações de uma instituição reguladora do comércio global na qual os "principes" ganharão um peso decisivo, ao exemplo do que se passa com o FMI e o Banco Mundial.

A OMC coloca acima de tudo a liberdade das trocas comerciais e considera "o comercio livre" uma panacéia capaz de resolver todos os problemas da nossa Aldeia Global porém, segundo dados do Banco Mundial e das Nações Unidas, o comércio mundial cresce mais de que 10% ao ano e a situação da maioria dos que já eram miseráveis não cessa de piorar. E o gap que separa "povo" de "principes" não pára de crescer. A diferença de nível de rendimento que era de 3 para 1 em 1820, passou para 11 para 1 em 1913, 50 para 1 em 1950, atingiu 72 para 1 em 1992 e continua a subir.

Um em cada cinco habitantes da Aldeia Global vive com menos de US$ 1/dia porém, o valor dos activos dos 200 "principes" mais ricos ultrapassa o rendimento de 41% da população global. Uma tributação em 1% da riqueza destes "principes" seria suficiente para garantir o acesso ao ensino básico a todas as crianças da Aldeia. Enquanto que menos de 20% dos seus habitantes acumulam mais de 85% do seu PNB, a cada sete segundos, um pequeno aldeão morre antes de completar os 10 aninhos, ou de fome ou de doenças (ou das duas coisas) cuja cura está bem ali ao alcance dos "principes". Mas, afinal, para quê quebrar a patente de medicamentos como o AZT por exemplo e salvar a vida de 10 milhões de "plebeus" por ano se as suas mortes garantem lucros de bilhões de US$ a um único "principe" da indústria farmacêutica e ainda mais sabendo que mais de 25 dos 35 milhões de seropositivos que a Aldeia tem hoje vivem na África ao sul do Sahara? A conta é macabra, mas os factos estão ali bem na nossa frente e como dizia Groucho Marx: "o que prefere? Acreditar em mim ou nos seus próprios olhos?".

O Pentágono e a Casa Branca não pensaram duas vezes antes de exigir a quebra da patente do antídoto do ANTRAZ simplesmente porque 100% das seis (isso mesmo, seis; um, dois, três, quatro, cinco, seis!) vitímas do veneno eram da "realeza".

A situação pode ainda vir a piorar com a generalização do regime de plena liberdade das trocas aos produtos agrícolas, como pretende a OMC em um regime adoptado na Convenção de Cotonou e com vigência já prevista para 2008. Neste quadro todas as exportações terão de ser feitas aos preços internacionais. Preços estes controlados pelos "principes" do agro-business e que na maioria dos casos são menores que os custos de produção praticados pelas pequenas e médias explorações agrícolas que asseguram sustento à maioria esmagadora do povo. Consequência disto? Com o risco de ser redundante (mas nunca é de mais martelar no assunto), um agravamento ainda maior da dependência alimentar dos países mais pobres com a diminuição da agricultura de subsistência em detrimento da chamada "agricultura de sobremesa" destina aos "principes".

O acordo da NAFTA (North American Free Trade Agreement) assinado entre os EUA, o Canadá e o Mexico já não arruinou a agricultura mexicana? E o que está a se passar com a agricultura portuguesa depois do país ter obtido o tão cobiçado visto para ingressar na União Europeia? Não precisa ser nenhum "durão" para responder a esta, pois como costumam dizer os cariocas, para quem sabe ler, um pingo é uma letra.


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Abdulah Bubacar Djalo, MSc
PhD Researcher in Public Administration
Universiteit Leiden - Campus Den Haag
Leiden / The Netherlands

Montenegro Fiúza