FORUM DE DEBATE POLÍTICO

quinta-feira, outubro 19, 2006

Pare, Pense e Politique

Gostei do Estatuto Editorial do “Parar para Pensar”, weblog do nosso amigo João Carlos Gonçalves, e das suas, aliás, reiteradas afirmações de respeito de todos os pontos de vista. Igualmente, concordo com a sua constatação de que em pleno século XXI é preciso ter coragem para emitir opinião.
Estamos em sintonia e era bom que mais gente pensasse assim, mas, fundamentalmente, agisse nesse sentido de que há constrangimentos imensos que não são sinónimo de inferioridade intelectual e que é necessário vencer.
Claro que o João Carlos se sente político, porque outra coisa não seria de esperar, mas assume-se como não manifestando opiniões “comprometidas” e como diria Pacheco Pereira está no seu posto, no seu blog, para comentar políticas e não para as validar, para influenciar as pessoas e não as julgar.
Também eu, enquanto comentador do A.M., penso agir de maneira semelhante. Até acho que, espremendo bem esta polémica, a nossa divergência assenta mais em aspectos formais do que em outros. Mas aqui é que “a porca torce o rabo”.
Enquanto “intelectual”, passe a imodéstia, quero que as pessoas entendam exactamente aquilo que eu quero dizer, quando escrevo. Por isso este exame ao microscópio de modo a saber do que se fala e de que perspectiva se parte.
Como político, se fora, ambicionaria tão só uma aproximação às minhas ideias, sem me preocupar com a forma como as apresentaria, e depois logo se via na matemática dos votos.
A opinião do João Carlos acerca do meu “Em Estado de Garça” sobre a paisagem da Serra d’Antelas não merece qualquer reparo porque não faço a injustiça de pensar que não tenha percebido qual era a minha.
Como político, se fora, deixaria correr o marfim, porque acharia as suas opiniões imprudentes, como reconhece, porque atentam contra os interesses que respeitam a muita gente.
Mas como me pronunciei só sobre um aspecto do problema e tive que levar com todas as outras perspectivas em cima, manifestei a minha posição de que só discutiria um aspecto da questão de cada vez e se fossem discutíveis na praça pública e sem elementos legais.
Em suma, não contesto o conteúdo mas não gosto da embalagem. Há ideias com as quais até concordaria no essencial, não fosse o saco em que foram metidas. Há ideias de que eu discordaria em absoluto, e cujo patrocínio me é atribuído com tal veemência, porque num contexto que eu não aceito.
Assim como não aceito que o Sr. Nuno Matos, não acrescentando nada à polémica, possivelmente sem ler os primórdios, venha inventar destinatários, questionando quem é ou não político e revelando um espírito persecutório de todo em todo condenável.


Manuel de Sousa Pires Trigo