FORUM DE DEBATE POLÍTICO

sexta-feira, outubro 24, 2008

Task Force do BCH

Participei hoje enquanto membro do Task Force da reunião da Convenção sobre a Diversidade Biológica em matéria de Biosegurança (BCH).
De acordo com a abordagem de precaução contida no princípio 15 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, o Protocolo de Cartagena sobre Bisegurança da Convenção sobre a Diversidade Biológica, pretende contribuir para assegurar a protecção no campo da transferência, da manipulação e do uso seguro dos organismos vivos modificados (OVMs), resultantes da biotecnologia moderna. E sobretudo preservar a conservação sustentável da diversidade biológica. O Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança é o primeiro acordo firmado no âmbito da Convenção sobre Diversidade Biológica. A adopção do Protocolo pelos Países-Partes da Convenção constitui-se em um importante passo para a criação de um marco normativo internacional que leva em consideração as necessidades de protecção do meio ambiente e da saúde humana e da promoção do comércio internacional.
É de facto um instrumento que deve nortear as acções políticas e administrativas dos governos.
Montenegro Fiúza

sexta-feira, outubro 17, 2008

A situação económica internacional

A propósito da Intervenção do Primeiro-Ministro no debate quinzenal na Assembleia da República sobre a situação económica internacional, apraz-me salientar alguns tópicos acerca da sua intervenção, num momento particularmente dificil para a economia mundial...A crise financeira, desencadeada nos Estados Unidos, alargou-se ao sistema financeiro Mundial e assume hoje proporções de muita gravidade. Os efeitos desta crise financeira fazem-se já sentir na economia real, com impacto na confiança, nas restrições ao crédito eno abrandamento da actividade económica. Todos os países reviram em baixa as suas previsões económicas e algumas economias europeias admitem mesmo ter entrado já em recessão.O impacto desta conjuntura internacional desfavorável reflecte-se, como era inevitável, na economia portuguesa. Por isso mesmo, o processo de recuperação económica que, de forma sustentada, temos vindo a percorrer, teve um abrandamento. Apesar disso, a economia portuguesa continua a crescer, com uma inflação que é a segunda mais baixa da zona euro e apresenta resultados visíveis na redução do défice orçamental, sustentados na contenção da despesapública.Mas é justo dizer, com convicção, que o sistema financeiro nacional tem sido capaz de enfrentar, de forma positiva, esta situação difícil.Porém, para que não subsista a mínima dúvida, reafirmo aqui o que já foi dito por mim próprio e pelo Ministro das Finanças: o Estado cumprirá o seu dever,garantindo a segurança dos depósitos dos portugueses! Mas também quero deixar claro que, para o futuro, não pode ficar tudo na mesma. O que aconteceu, como bem disse um conhecido prémio Nobel, não foi mais uma crise bancária, foi um escândalo bancário. O que aconteceu não foi uma as outras. Foi o resultado escandaloso de lógicas de gestão orientadaspara o imediato, uma regulação totalmente permissiva, práticas abusivas e uma ganância com proporções históricas. A regulação efectiva dos mercados financeiros, que era há muito exigida pelas correntes do pensamento social europeu, tornou-se hoje uma necessidade evidente para todos. Mas sejamos claros: nesta crise financeira há uma ideologia derrotada. E quem sai derrotado são os apóstolos do Estado mínimo e do mercado desregulado. Quem sai derrotado são aqueles que, durante anos a fio, enalteceram as virtudes imbatíveis de um mercado entregue a si próprio. Quem sai derrotado são aqueles que sempre professaram a sua fé na mão invisível do mercado, para agora, à falta da outra, reclamarem a intervenção da mão bem visível do Estado! 2. Responsabilidade - palavra-chave para definir a resposta política que devemos dar a esta situação difícil é a palavra «responsabilidade».Responsabilidade no rigor orçamental e no caminho das reformas;responsabilidade no apoio às empresas, ao investimento e à criação de emprego;e responsabilidade no apoio às famílias.3. Responsabilidade no rigor orçamental Portugal realizou nos últimos anos um progresso muito significativo no equilíbrio das suas contas públicas. Esse ganho é absolutamente fundamental para a nossa credibilidade externa, para as empresas e para as famílias - e não pode ser agora desbaratado. Continuaremos, por isso, uma política séria, derigor, agora numa conjuntura ainda mais complexa e exigente.Estou agora em condições de afirmar que cumpriremos o nosso objectivo orçamental: este ano alcançaremos um défice de 2.2%. Uma vez mais, o valor maisbaixo da democracia portuguesa! E o Governo não irá permitir que o País entre, de novo, num ciclo vicioso de incumprimento-correcção-incumprimento nas contas públicas. Isso seria andar para trás e atraiçoar gravemente todo o esforço feito pelos portugueses ao longo dos últimos três anos. Mas iria também afastar-nos, por tempo indeterminado, dos fundamentos sólidos para a recuperação e para a convergência.Também aqui, o caminho a seguir é só um: o da responsabilidade. No Orçamentopara 2009 manteremos uma política de rigor, com o necessário controlo dadespesa pública e a contenção do défice orçamental, em condições adequadas àsincertezas da actual conjuntura económica.4. Responsabilidade no apoio às empresas Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Neste quadro de dificuldades da economia internacional, ter uma atitude responsável é também agir para ajudar as empresas portuguesas a enfrentar esta situação.Por isso, quero anunciar duas medidas que vamos tomar de apoio às pequenas emédias empresas. A primeira: no Orçamento para 2009 o Governo vai propor uma baixa substancialdo IRC. Assim, a taxa de IRC será reduzida para metade, de 25% para 12,5%, nosprimeiros 12 500 euros de matéria colectável. Passará, portanto, a haver dois escalões no IRC: um, de 12,5% para a matéria colectável até aos 12 500 euros, e outro, de 25%, para os valores superiores. Desta forma, cerca de 80% das empresas portuguesas verão reduzido para metade oseu esforço com o pagamento deste imposto. Esta é uma medida que se aplica atodas as empresas, mas que beneficiará especialmente o tecido das pequenas emédias empresas. A segunda medida: o Governo decidiu aumentar para 1000 milhões, a nova linha de crédito PME-Invest II destinada ás pequenas e médias empresas. No âmbito desta linha de crédito, que se acrescenta à linha de 750 milhões já utilizada, as PMEbeneficiarão de uma taxa de juro inferior à Euribor, terão um período decarência e os seus financiamentos beneficiarão de uma garantia pública de 50%do seu valor.Com estas duas medidas, as pequenas e médias empresas vêem assim reconhecido, uma vez mais, o seu papel na nossa economia, na criação de emprego e na criação de riqueza. O Estado, pela sua parte, cumpre o seu papel de apoio aoinvestimento produtivo e de incentivo à actividade económica, num momento em que a conjuntura externa é desfavorável.5. Responsabilidade no apoio às famílias Mas - senhores Deputados - agir com responsabilidade neste momento difícil é, igualmente, ter uma especial atenção para com as famílias. Essa tem sido, aliás, desde o início, uma prioridade das políticas sociais do Governo. Por isso, tomámos decisões tão importantes como o aumento semprecedentes do abono de família, a criação do abono pré-natal, o aumento das deduções fiscais para as famílias com filhos, o reforço da acção social escolar, a criação do passe escolar, a majoração no IRS das deduções dos encargos com a habitação própria, a redução da taxa máxima do IMI e o alargamento do respectivo prazo de isenção.Na situação presente, todavia, justifica-se fazer mais um esforço orçamental de apoio às famílias. Em particular nas despesas que as famílias têm com a educação dos seus filhos. Actualmente, as famílias do primeiro escalão - isto é com rendimentos maisbaixos - beneficiam no mês de Setembro de uma 13.ª prestação para apoiar asdespesas com a escola dos seus filhos. Pois bem, o Governo decidiu propor, no Orçamento de Estado para 2009, que essa prestação seja alargada, passando aabranger todas as famílias beneficiárias. Esta medida vai assim apoiar mais 780 mil beneficiários, reforçando fortemente as políticas sociais do Estadodirigidas às famílias portuguesas.6. Um rumo para vencer as dificuldades O Governo tem uma noção clara do caminho a seguir para enfrentar a situaçãocriada pela conjuntura económica internacional. E esse caminho só podecontinuar a ser o caminho da responsabilidade: responsabilidade nas contas públicas, responsabilidade no apoio às empresas e à criação de emprego,responsabilidade na ajuda às famílias. Porque só o caminho da responsabilidadeserve os interesses dos portugueses, só o caminho da responsabilidade serve os interesses de Portugal.