FORUM DE DEBATE POLÍTICO

quinta-feira, março 23, 2006

Um olhar sobre África


O Continente Africano tem dificuldades muito grandes. O crescimento do PIB é baixissimo. Mas África merece mais. Para isso é importante o apoio efectivo dos ditos países desenvolvidos, por forma a que os problemas económicos, sociais, políticos, etc possam ser ultrapassados. E os países Lusófonos não fogem à regra. Mas quando conhecemos a realidade in loco e não nos limitamos a uma atitude dogmática face ao que entra em nossa casa através dos media, temos de forçosamente ter esperança.
As políticas dos países ricos em matéria de cooperação são muito importantes para África.
Mas, África tem também, de se ajudar a si própria. O respeito pelos direitos humanos e a efectiva democratização das sociedades são um factor particularmente encorajador.

Montenegro Fiúza

sábado, março 18, 2006

VERDADE

“Visão sem acção não é mais que fantasia,
acção sem visão é apenas pesadelo”

Provérbio japonês.

A verdade, como qualidade pela qual as coisas se apresentam tais quais são, é como um círculo, mede 360º.
É do senso comum que a verdade de uns pode não ser a verdade de outros.
Algo pode ser verdadeiro se houver conformidade entre a expressão e o facto expresso, se existir relação entre o pensamento e o ser das coisas, quando este é apreendido no que é, coisa-em-si, pelo outro, estabelecendo-se assim uma adequação que se mostra construtiva para a comunidade e desperta um consentimento unânime.
Tal como razão e inteligência são realidades distintas, também, verdade lógica e verdade ontológica são matérias diferentes.
Qualquer coisa não ser verdade, não significa necessariamente que seja mentira! Poderá, isso sim, ser o momento adequado, o espaço certo e o caminho escolhido, em busca da genuína verdade.
Depende, muito e quase sempre, do ponto de vista do observador, da sua formação, da cultura que integra, do meio envolvente, da região onde vive, do momento em que ocorre e da forma como se desenvolve.
Por princípio, desconfiemos sempre de pessoas e instituições que referem ou defendem verdades insofismáveis. Hoje, com o avanço da ciência e da técnica, falar em verdades absolutas é simplesmente uma falácia. Pensemos, a título de exemplo, em tudo o que se tem passado nos últimos anos, em redor das teorias sobre o genoma humano!
Com certezas absolutas e princípios exactos, com realidades autênticas, todo o cuidado é pouco!
Todos somos detentores da nossa verdade, e ninguém é detentor de verdade alguma. É a efectiva relatividade da verdade.
É incómodo, embaraçoso e de certo modo, indignante, apreciar gente com responsabilidades, em mais diversos níveis e em múltiplas áreas de actividade, enumerar um conjunto de verdades, como postulados, como realidades incontestáveis, impossíveis de contrariar! Não aceitando opiniões diferentes, vão utilizando habilidosamente estratégias discursivas, vão desarmando qualquer pessoa menos atenta, menos preparada, eliminando por essa via qualquer possibilidade de reacção das pessoas menos avisadas, de populações menos informadas, com as nefastas consequências que todos bem conhecemos ao nível do desenvolvimento humano.
……………………………………………….
“Palavras leva-as o vento”.
“Uma imagem vale mais do que mil palavras”.
“Mais importante que a palavra é a acção”.
“Os actos ficam com quem os praticam”.
………………………………………………
Serão verdades ou pressupostos a caminho da verdade?

Jorge V. Silva

domingo, março 05, 2006

Portugal e a Lusofonia




No momento em que escrevo este “post”, encontro-me na África Subsariana, mas, apesar da distância fisica, quero partilhar convosco, esse instrumento impar de compreensão humana, esse património comum: A Lingua Portuguesa.
Temos assistido , ao longo dos tempos, às profundas transformações que por completo modificaram o mundo bipolar em que nos havíamos habituado a viver. A nossa acção enquando parceiros da cooperação a nível do Ensino Universitário com os PALOP é relevante. Os projectos em curso, permiten-nos olhar com optimismo o futuro da nossa cooperação. Mas, é sobretudo importante constatar que essa cooperação se processa, não apenas por uma ligação de conhecimento entre as instituições públicas e privadas, mas, engloba também de uma forma expontânea o desejo e o sentimento da sociedade civil, e da participação de organizações não-governamentais.
Hoje somos mais de 200 milhões de pessoas em todo o Mundo a partilhar a mesma língua. Ela é, e continuará a ser um veículo de cultura e identidade deste espaço Lusófono, cuja importância nos compete continuar a defender e enriquecer, por isso é com enorme satisfação que colaboro na dinamização do Ensino Universitário, apoiando a promoção do saber através desse comum património linguístico.

Montenegro Fiúza

As evidências

Se as houvesse, se as evidências fossem aquilo que é suposto serem, para quê tanta discussão, sequer tanto pensamento?
A realidade entrar-nos-ia olhos adentro, sem custo e sem chatice. Não nos indisponhamos connosco e com os outros. Como seria bom contemplar?
Mas as evidências têm o sortilégio de não terem as propriedades que nós lhes atribuímos. Que elas possam existir, não contestamos. Mas que, para lhes aceder, é necessário um longo caminho parece-nos “evidente”.
Que elas são efémeras e nos deixam sempre outro caminho ainda mais longo a percorrer parece-nos “evidentíssimo”. Tal constitui o sacrifício de pensar.
As evidências não são eternas, medem-se, não têm balizas nem prefiguram um fim.
A relativização das evidências é o primeiro pressuposto para quem quer progredir no pensamento. Supor que tudo está sabido, que o caminho está delimitado e que o objectivo é só um é a negação da natureza humana e o aconchego dos indigentes.
Nunca, mas mesmo nunca, nos podemos suportar numa realidade fugidia. Esta constitui o nosso domínio, o campo da nossa acção, nela assenta o caminho em que permanentemente construímos o nosso futuro.
Mas somos nós próprios que o temos que desbravar. Para que a realidade nos não fuja mais do que já nos fugiu até hoje.



Manuel de Sousa Pires Trigo