FORUM DE DEBATE POLÍTICO

sábado, março 18, 2006

VERDADE

“Visão sem acção não é mais que fantasia,
acção sem visão é apenas pesadelo”

Provérbio japonês.

A verdade, como qualidade pela qual as coisas se apresentam tais quais são, é como um círculo, mede 360º.
É do senso comum que a verdade de uns pode não ser a verdade de outros.
Algo pode ser verdadeiro se houver conformidade entre a expressão e o facto expresso, se existir relação entre o pensamento e o ser das coisas, quando este é apreendido no que é, coisa-em-si, pelo outro, estabelecendo-se assim uma adequação que se mostra construtiva para a comunidade e desperta um consentimento unânime.
Tal como razão e inteligência são realidades distintas, também, verdade lógica e verdade ontológica são matérias diferentes.
Qualquer coisa não ser verdade, não significa necessariamente que seja mentira! Poderá, isso sim, ser o momento adequado, o espaço certo e o caminho escolhido, em busca da genuína verdade.
Depende, muito e quase sempre, do ponto de vista do observador, da sua formação, da cultura que integra, do meio envolvente, da região onde vive, do momento em que ocorre e da forma como se desenvolve.
Por princípio, desconfiemos sempre de pessoas e instituições que referem ou defendem verdades insofismáveis. Hoje, com o avanço da ciência e da técnica, falar em verdades absolutas é simplesmente uma falácia. Pensemos, a título de exemplo, em tudo o que se tem passado nos últimos anos, em redor das teorias sobre o genoma humano!
Com certezas absolutas e princípios exactos, com realidades autênticas, todo o cuidado é pouco!
Todos somos detentores da nossa verdade, e ninguém é detentor de verdade alguma. É a efectiva relatividade da verdade.
É incómodo, embaraçoso e de certo modo, indignante, apreciar gente com responsabilidades, em mais diversos níveis e em múltiplas áreas de actividade, enumerar um conjunto de verdades, como postulados, como realidades incontestáveis, impossíveis de contrariar! Não aceitando opiniões diferentes, vão utilizando habilidosamente estratégias discursivas, vão desarmando qualquer pessoa menos atenta, menos preparada, eliminando por essa via qualquer possibilidade de reacção das pessoas menos avisadas, de populações menos informadas, com as nefastas consequências que todos bem conhecemos ao nível do desenvolvimento humano.
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“Palavras leva-as o vento”.
“Uma imagem vale mais do que mil palavras”.
“Mais importante que a palavra é a acção”.
“Os actos ficam com quem os praticam”.
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Serão verdades ou pressupostos a caminho da verdade?

Jorge V. Silva