A estrutura da rede escolar de Ponte de Lima
Há uma questão em que não é possível transigir: Os critérios de planeamento definem que quanto à constituição de agrupamentos de escolas ”não deve ser ultrapassada a base concelhia”. Assim o agrupamento de escolas de Lanheses não pode agrupar Fontão e Arcos. Estas duas freguesias ou integram outro agrupamento na área municipal ou se cria mais um agrupamento agregando outras freguesias, o que é perfeitamente possível.
Outra questão importante é o incentivo que é necessário dar às freguesias periféricas do concelho de Ponte de Lima. Elas não se sentirão mais limianas por terem que mandar as suas crianças para estudar na sede do concelho. Criar escolas na periferia é desenvolver o concelho e descentralizar as estruturas necessárias ao desenvolvimento urbano dessas regiões.
Correlacionada com esta situação há o problema das freguesias intermédias que, mesmo estando mais perto da periferia, consideram que é mais vantajoso caminhar para o centro. É a velha inveja a funcionar: já que não é para mim, também não é para o vizinho.
A luta contra a macrocefalia não é só um Porto-Lisboa. À nossa dimensão também temos as nossas lutas, as nossas cobiças, as nossas traições. Há quem pense em desarmar separatismos, há quem tenha ambições megalómanas. Há quem faça a apologia dos caixotes e promova o abandono do campo.
Outra questão igualmente importante é o desincentivo que é necessário dar às pessoas que, sendo comerciantes, empresários, funcionários ou empregados e trabalham na Vila, trazem os seus filhos para frequentar o ensino na sede do concelho. É uma questão de pensarem que tem melhor ensino na Vila e que isso é mais cómodo para si em função dos seus horários de trabalho. Mas diz muito do seu amor à terra que tanto apregoam.
Dos mais graves problemas a resolver é o do transporte. O transporte é o elemento que falta para ligar fisicamente a rede escolar à realidade circundante. E este problema é tanto mais grave quanto achamos que tem condicionado sobremaneira as opções tomadas.
Os “transportes públicos” privados estão há muito tempo em falência técnica. As condições estipuladas para o transporte das crianças tornam impossível a reconversão das frotas e impraticável o transporte simultâneo de crianças e outros utentes. A não ser que se continue a fechar os olhos às ilegalidades, a Câmara Municipal tem de assumir por inteiro essa responsabilidade.
A solução para o transporte de crianças parece passar por autocarros médios, talvez entre 15 e 30 lugares, geridos a nível de cada escola de modo a que quem os conduza possa, no restante tempo de serviço, prestar outro tipo de colaboração nas actividades ligadas à educação.
Um problema particular é a escola da Vila. Encurralada, ela não tem condições para albergar sequer metade dos seus actuais alunos, mas o que chegaria para a população residente.
Será que a Câmara Municipal a vai querer fechar ao construir na Feitosa um complexo grandioso fora do normal para o nosso meio e quando o Vale do Trovela já vai ter uma outra escola em Fornelos?
Há aqui intenções que devem ser esclarecidas.
Manuel Pires Trigo
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