FORUM DE DEBATE POLÍTICO

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

As "Sete Vidas" de "Laura"

“Só o melhor é suficiente para mim”
Calouste Gulbenkian

Há alguns dias teve início na SIC (estação televisão) um novo programa de humor e entretenimento designado “7 vidas”, de cujo elenco fazem parte algumas figuras bem conhecidas do meio televisivo.
Na minha perspectiva, trata-se de um programa simpático, engraçado, genericamente de comédia, uma história rocambolesca com bastantes tropelias à mistura, no qual sobressai um actor, Jorge Mourato.
Até aqui, tudo bem!
A dado passo entra em cena “Laura” uma jovem de 25 anos «natural de Ponte de Lima».
Até aqui, também, tudo muitíssimo bem!
Só que “Laura” é uma jovem recém chegada do Norte….., uma prima afastada da família lisboeta, personagem superficial, fútil, “bota-de-elástico”, uma cabeça ôca, com um quociente de inteligência muito abaixo da média, natural de Ponte de Lima.
“Laura”, que pretende encontrar um emprego na capital, é uma compradora compulsiva, gastadora obsessiva, uma ignorante de mão cheia, viciada do cartão de crédito alheio (pertença do pai), revela uma grande instabilidade emocional, pois, muda de namorado como quem muda de camisa, e natural de Ponte de Lima.
Todos têm dela uma imagem de “betinha”, ou seja, em calão, pessoa fácil de enganar. Sinónimo de anjinho, otária, palerma, totó, lorpa.
“Laura” é, para Patrícia Tavares, actriz que encarna este papel, uma autêntica «palhaça», natural de Ponte de Lima.
Enfim, é esta a imagem negativa de Limiana, de Nortenha que “Laura” transparece. Um estereótipo da juventude de Ponte de Lima com uma conotação depreciativa que, de modo nenhum, tem a ver com a juventude do Concelho, muito menos, dignifica os jovens limianos.
Faltam saber as razões que levaram os autores desta “sitecom” a associarem “Laura” a Ponte de Lima.
Com que intenção?
Será que alguém poderá perceber e explicar os motivos desta conotação negativa, que levou a associar Ponte de Lima, a sua juventude, e o seu termo à ideia de atraso, de provincianismo atávico?
Terá havido algum episódio ou outras estórias na história limiana recente, que terão levado a “inteligência” cosmopolita da capital a tal atitude?
As respostas procuram-se.
É certo, que é saudável e sinal de bom senso termos a capacidade de rirmos de nós próprios, das nossas fragilidades. Mas, também não é menos certo que, quando as situações não são devidamente explicadas, podermos pensar que nos estão a faltar ao respeito. Quando assim acontece, devemos lembrar às eminências pardas, à cultura pretensamente culta doutras paragens, que há muitas vidas para além das nossas, que merecem o nosso cuidado, deferência e atenção, especialmente, a população juvenil de qualquer ponto do País.
Parafraseando respeitosamente o insigne, e culturalmente insuspeito, Calouste Gulbenkian, que tudo o que há de melhor para o futuro (não é a juventude?), seja o suficiente para mim e para todos nós, limianos, nortenhos e, já agora, lisboetas e portugueses.

Jorge Silva