FORUM DE DEBATE POLÍTICO

domingo, fevereiro 05, 2006

COMUNICAÇÃO VERSUS MEDIATISMO

Há quem consiga dividir uma questão em duas. Uma questão é a mediática: Vamos a saber quem opina mais depressa. A outra é a constituída pelo “problema em si o qual requer meditação”.
Para a primeira abordagem, o mediatismo, não é necessário substância, nem meditação: É só disparar.
Já a outra abordagem exige o respeito pelo princípio socrático: façam-se perguntas que elas são necessárias, as respostas já não são tanto assim.
E se fossemos dando algumas respostas não seria melhor? Por mim acho que teríamos a alegria de ter novas perguntas a fazer. Este universo não tem fim e perguntas não faltam, há sempre um mundo novo a descobrir.
Mas nem tudo são alegrias. O estudo é duro, a inspiração sozinha não chega. Temos de testar as opiniões, confrontar pareceres, nunca há certezas definitivas, mas chegados ao momento decisivo temos de decidir entre as possíveis opções.
Há maneiras de pensar que estão cheias de vícios. Há conselheiros que nos levam para linhas de pensamento que não são as nossas. Há ruídos que nos violentam.
A maior violentação da inteligência é decidir ou querer que os outros decidam sem primeiro recolher todos os dados, avaliar todos os factores, pesar todas as implicações, recolher argumentos para uma explicação racional das soluções a adoptar
Mas há momentos para tudo e ainda tem de haver tempo para descansar. Cada uma avalia por si se os gastos com a política são bem empregues. A política nem é a actividade principal da humanidade.
Certo, certo é que é dignificante contribuir para eliminar barreiras. Como era bom que a informação transitasse, a sabedoria emergisse, a bondade florescesse.
Trincheiras, posições, campos perfeitamente delimitados, guerra suja, poeiras, fumos, pronunciamentos, etiquetagens são tudo coisas abomináveis. Esperteza saloia, sorrateirice, calúnias, boatos são coisas perfeitamente execráveis. Os novos políticos arrastam os erros do passado.
Parece fácil comunicar quando hoje há tantos meios, uns mais “mediáticos” que outros. Mas reflectir sobre o que se diz, sobre a forma como se diz, sobre a legitimidade dos fins que se querem atingir, seria bom de vez em quando.



Manuel de Sousa Pires Trigo