FORUM DE DEBATE POLÍTICO

sábado, agosto 19, 2006

MEMORANDUM


Tememos as coisas na medida em que as ignoramos”

Tito Lívio, historiador romano.


Ter memória, é ter o passado presente, para não ter medo do futuro.
Recordar os lados bons e maus da vida é sinal de lucidez, realismo e responsabilização.
Memorar, é ter capacidade de reter imagens que nos sensibilizaram, vivências que nos marcaram, ideias e valores que nos transmitiram, noções ou conhecimentos que nos ministraram.
Lembrar, é não ter memória curta. É reconhecer com humildade o desempenho do outro ou dos outros, sem inveja, sem sofismas ou qualquer sentido pejorativo.
Ter memória, é comemorar algo. É celebrar feitos, acções, atitudes. É fazer história, é respeitar o outro, é ser humano.
Será que hoje existe o complexo da História? Um complexo histórico ou ignorância dos factos sociais, económicos, políticos e intelectuais que influíram na nossa existência e na humanidade em geral?
Quando se analisa o passado muitos consideram ser um acto obsoleto, sem sentido! - - Para que interessa o passado, dizem alguns? - O que interessa é o presente e o futuro, dizem outros! De facto terão estas teses alguma consistência?
O que seria a actualidade sem a ligação ao passado? Não o passado lamechas, retrógrado, conservador no mau sentido, arcaico e fútil!
Ignorar todo o esforço daqueles que nos precederam, será certamente um erro que pagaremos muito caro se o fizermos.
“Pior que ignorar, é tentar esquecer”, referia em tempos um anúncio na comunicação social!
Esquecer propositadamente a realidade circundante, a acção humana, o estudo das origens e progressos de uma arte ou ciência é, objectivamente, o cúmulo da incompetência e da má-fé.
O futuro constrói-se com o passado, no presente, de forma realista e responsável.
É por tudo isto que, muitas vezes, quando vemos alguém viver de forma intensa e única o conhecimento dos fenómenos que diariamente se desenvolvem à nossa volta, por incapacidade ou falta de interesse, de forma simplista e com a maior das facilidades, criticamos as atitudes.
Sem conhecimento de causa, emitimos opiniões! Levianamente, denegrimos a imagem. De forma derrotista, sem qualquer intuito construtivo, reagimos e não agimos em conformidade, como seria desejável e útil para todos.
Com bom senso e humildade, ainda continuamos a tempo de mudar.
Sejamos cada vez mais conscientes e interessados pela comunidade em que vivemos, pelos problemas que nos cercam, pelo mundo em permanente transformação que, de todos e de cada um de nós, o presente e o futuro dependem, sem desprezar o passado e sem nostalgias pacóvias.
Parafraseando o pensador chinês Confúcio: - “Só o mais sábio dos homens e o mais estúpido dos homens nunca mudam”.
Jorge V. Silva