FORUM DE DEBATE POLÍTICO

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Referendo, é urgente discutir!

Dia 11 Portugal é chamado a votos, não para eleger representantes, mas para expressar, pela segunda vez, a sua opinião sobre uma das mais fracturantes questões da nossa sociedade, o aborto.

Neste referendo não está apenas em causa a despenalização da ivg até às 10 semanas, é a própria sociedade e a democracia participativa que estão em causa. Caso, tal como nos anteriores, este referendo não atinja um nível de participação razoável terá que se repensar o referendo e a própria sociedade civil, os seus interesses, a sua responsabilidade e a sua cultura democrática. Não me parece razoável que uma população recordista em manifestações se abstenha de dar a sua opinião quando para tal é convocada. Veremos os resultados.

Quanto à pergunta referendada a minha resposta é SIM.

Decidi sistematizar as principais razões para esta minha opção, mas a maior e mais forte é porque sou contra o aborto. Sendo contra o aborto, não admito que neste país haja gente a viver à custa da realização de abortos sem o mínimo de condições. NÃO ADMITO QUE SE VIVA E ENRIQUEÇA À CUSTA DO ABORTO ILEGAL.

Os Meus Argumentos:

A existência de uma lei que não se cumpre é uma ofensa ao Estado de Direito;
Uma lei que despenalize o aborto não obriga nenhuma mulher a abortar, esta é uma decisão do casal;
Porque não aceito que os meus impostos sejam gastos a perseguir e condenar mulheres que fizeram uma ivg (contraponto aos que dizem que não querem que os seus impostos sejam usados para pagar abortos);
O que está em causa não é o “direito ao aborto”, nem “ser a favor do aborto”, mas antes o respeito pelas mulheres que decidem interromper uma gravidez até às 10 semanas, por, em consciência, não se sentirem em condições para assumir uma maternidade;
A penalização do aborto dá origem à interrupção voluntária da gravidez em situação ilegal e insegura, o que tem consequências gravosas para a saúde física e psicológica das mulheres que a ela recorrem;
Basta abrir um jornal para ver inúmeros anúncios a clínicas e consultórios deste e do outro lado da fronteira onde é possível fazer uma ivg;
Nada se alterou desde o último referendo, continuaram a realizar-se abortos ilegais, muitas mulheres foram a Espanha, algumas a Londres e não vimos os defensores do não protestarem pela ineficácia do planeamento familiar;


Alguns Números:

Calcula-se que, em média, se realizem 20 000 abortos ilegais em Portugal anualmente;
14,5 % das mulheres portuguesas já terá abortado;
Destas 72,7%, interrompeu a gravidez durante as primeiras 10 semanas;
87,5% interromperam a gravidez em Portugal;
39,4% interromperam a gravidez numa casa particular;
40,8% das mulheres que o fizeram consideram ter sido uma decisão muito difícil;
Uma em cada três mulheres que o fizeram teve que recorrer posteriormente a assistência médica.

Pedro Santos Vaz